O Regresso da Visita Pascal

Ontem, domingo de Páscoa, culminando a Semana Santa, a semana maior do tempo quaresmal, o período mais denso do ano litúrgico,

celebrou-se, mais uma vez, em quase todo o mundo cristão, a Ressurreição do Senhor Jesus.

Depois de passada a provação Covid 19 dos anos 2020 e 2021, nos quais as celebrações religiosas presenciais das comunidades estiveram suspensas ou com restrições, tivemos, neste ano, o regresso das habituais cerimónias quaresmais um pouco celebradas por todas as paróquias dos diferentes arciprestados e dioceses.

Guimarães não foi exceção e, de entre as muitas iniciativas ocorridas ao longo deste período nas várias vertentes da vida social, merecem especial destaque, testemunhando o profundo fervor religioso dos vimaranenses, as seguintes:
A Procissão do Encontro do Senhor com sua mãe Maria Santíssima, popularmente conhecida como Procissão de Lázaro por ocorrer no domingo de Lázaro, quase ininterruptamente promovida ao longo dos 427 anos de existência da Irmandade dos Santos Passos, instituição vimaranense fundada por 25 estudantes em 9/12/1594 cujo tema é a Paixão. Neste ano, contando com a participação de quase duas centenas de crianças recriando importantes momentos da vida pública de Jesus descritos nos textos sagrados do Novo Testamento e ainda com a participação de algumas dezenas de milhares de pessoas a assistir, foi presidida por Sua Excelência Reverendíssima D. José Cordeiro, o novo arcebispo diocesano que aproveitou este primeiro acto pastoral na nossa cidade para falar aos vimaranenses, no Sermão do Encontro, proferido no escadório da igreja da Misericórdia;

A Procissão de Endoenças, também conhecida como Procissão do Senhor da Cana Verde, promovida pela Santa Casa da Misericórdia na Quinta-feira Santa, em que a Relíquia do Santo Lenho, sob o Pálio e transportada pelo sacerdote presidente da celebração, seguiu o andor do Senhor da Cana Verde acompanhado por algumas centenas de pessoas tendo visitado, a partir das 21:00 horas, as sete igrejas da cidade - Misericórdia, Senhora da Oliveira, Santos Passos, S. Francisco, S. Pedro, S. Sebastião e S. Domingos - lembrando 7 dos 14 passos da paixão;

A Procissão do Enterro do Senhor promovida também pela Irmandade dos Santos Passos, na noite de Sexta-feira Santa, ocorrida num espírito de profunda recolha e silêncio, quebrado apenas pelo trilhar no chão dos paus das bandeiras e estandartes transportados em posição inclinada e pelas melodias fúnebres emitidas pela brilhante banda de música de Pevidém, participada por muitos fiéis e pelos representantes das principais instituições locais.

A Vigília Pascal, precedendo o domingo de Páscoa, celebrada um pouco por todas as paróquias ou unidades pastorais, uma cerimónia riquíssima, iniciada com a Liturgia da Luz no exterior das igrejas, com o fogo alimentador dos sírios, lembrando a passagem da morte à vida do Senhor Jesus, verdadeira Luz do Mundo, seguida pela Liturgia da
Palavra constituída pela leitura de vários textos do Antigo Testamento intervalados por salmos, seguida pela Liturgia Batismal e finalizando com a Liturgia Eucarística.

O Domingo de Páscoa, assim preparado, foi o grande dia de festa do Povo Cristão celebrando a Ressurreição de Jesus Cristo, Redentor e Salvador do mundo, levado a casa de cada um pelo compasso presidido pelo sacerdote ou por um ministro leigo, acompanhado da Cruz adornada com lindas flores e de jovens tocando a campainha, símbolo de alegria e de festa.
No passado, a intensidade da festa era também assinalada com o toque permanente dos sinos das igrejas, disponíveis a todos aqueles que desejassem manifestar a sua alegria, sendo a chegada do compasso a algumas casas recebida também com o lançamento de estridentes foguetes.
Dia de festa vivido com particular intensidade por padrinhos e afilhados que nesta data se encontram para trocar presentes lembrando assim compromissos assumidos na pia batismal.
Era e continua a ser um verdadeiro dia de alegria, o dia de Páscoa da Ressurreição, da passagem da Morte à Vida, das Trevas à Luz.

Que esta Páscoa faça brilhar a Luz no espírito do Homem trazendo a Justiça ao Mundo, condição necessária à desejada Paz, sobretudo nestes tempos conturbados de guerra fratricida entre povos irmãos.

Guimarães, 18 de Abril de 2022

António Monteiro de Castro

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