«Toninha» homenageada em Candoso São Martinho no dia em que soprou as velas do centenário

É completamente autónoma, goza de boa saúde e faz questão de diariamente dar um passeio em Candoso São Martinho, freguesia "onde sempre viveu", sem precisar de qualquer tipo de apoio, mostrando a energia que "Deus lhe deu".

Bem disposta e apreciadora de uma boa conversa, Antónia de Jesus Abreu é carinhosamente conhecida como a "Toninha Caurra", alcunha herdada de família e que não caiu no esquecimento. É viúva há cerca de três dezenas de anos, tem seis filhos, "porque um já faleceu", 11 netos, 13 bisnetos e dois trinetos. Vive em casa do filho Jerónimo Cunha e com a nora Fernanda Judite Silva.

Nasceu a 20 de Março de 1923, ano em que o escritor Manuel Teixeira Gomes era Presidente da República e Mariano Felgueiras Presidente da Câmara de Guimarães. Não teve a oportunidade de frequentar a escola, o que não a impediu de aprender ao longo da vida.

Começou a trabalhar em criança na indústria têxtil e foi nessa actividade que desenvolveu todo o seu percurso profissional, a maior parte passado na extinta Fábrica do Moinho do Buraco, em Selho São Jorge. Casou, geriu a casa e orientou a educação dos filhos.

"A minha vida dava um romance, era preciso estar aqui muitas horas para contar todos os pormenores", advertiu na entrevista, em directo, transmitida através da rede social Facebook do Grupo Santiago, onde não escondeu a infância difícil, marcada pela "fome, peste e guerra".

Com sentido de humor, referiu-se à alimentação desse tempo: "caldo e sopa; sopa e caldo", contrastando com a actual abundância.

No dia especial em que celebrou o centenário, na passada segunda-feira, Antónia Abreu mostrou-se agradecida pelo apoio que tem recebido da família, fazendo questão de realçar: "Se estou aqui é porque Deus quis."

Participou alegre e reconhecida na homenagem que a família, vizinhos e a Junta de Freguesia de Candoso São Martinho organizaram, com uma missa na igreja paroquial, na qual participaram também o Presidente da Câmara, Domingos Bragança, e a vereadora da Acção Social, Paula Oliveira, por sinal também ela conterrânea da "Toninha Caurra", e na qual participaram as crianças do Centro Social e Paroquial.
"Em 100 anos, a Toninha viveu intensamente todos os lados da vida: a felicidade e a tristeza, a alegria e a dor, doença e cura, a partilha e a saudade, as boas-vindas e as despedidas… Viveu ainda avanços do mundo, as inovações tecnológicas, guerras e tratados de paz e também marcos importantes na sua vida: o casamento e a viuvez, o nascimento dos seus filhos, netos, bisnetos, trinetos... Que vida cheia de tudo! A vida é um dom de Deus, a Toninha sabe vivê-la com bondade e gratidão", escreveu a Presidente da Junta, Odete Lemos, também ela sobrinha-neta da homenageada, considerando ser uma honra para Candoso São Martinho ter uma mulher centenária, exemplo de longevidade, de resiliência e de dedicação à terra natal que viu desenvolver, sendo a memória viva dessa transformação.

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