Guimarães quer ser Capital Verde Europeia em 2025 sob a égide do corredor biocultural

Guimarães vai apresentar uma nova candidatura a Capital Verde Europeia com o objectivo de ostentar esse desígnio em 2025, sob a égide do conceito de corredor biocultural.
A formalização do processo, com a submissão da documentação necessária, deverá ocorrer entre os meses de Março e Abril do próximo ano, estando neste momento a decorrer o trabalho de redacção dos conteúdos para cumprir as exigências das 12 áreas de indicadores que serão avaliadas pelos peritos da Comissão Europeia.

O compromisso foi assumido pelo Município durante a reunião descentralizada do Executivo vimaranense, realizada esta segunda-feira no Laboratório da Paisagem, em Creixomil.
Na abertura da sessão, as diferentes etapas da nova candidatura foram apresentadas por Isabel Loureiro, Coordenadora Geral da Estrutura de Missão para o Desenvolvimento Sustentável Guimarães 2030.

A responsável justificou que a nova candidatura "terá a descrição de cada área de indicador, sendo que cada uma dessas áreas será acompanhada por uma introdução de cidade que não é avaliada, onde se tenta dar uma visão de Guimarães histórica, porque o júri tem de perceber que a situação actual advém de um passado e esse passado justifica a situação de determinada área de indicador". "Será necessário fazer a contextualização da história ambiental, da história da Cidade e de todo o valor que foi acrescentando", acrescentou ao intervir na sessão, onde deu conta que as terminologias para a nova candidatura mudaram, "mas a cobertura nas áreas da sustentabilidade ambiental é praticamente a mesma". "Teremos de elencar seis boas práticas, sendo que uma delas estará relacionada com o indicador da e-governance", continuou, sustentando que o júri procura "uma cidade que seja capaz de apresentar um modelo de desenvolvimento sustentável que possa ser replicado por outras cidades".

"Guimarães é um território difuso, disperso e obriga a estabelecer um conceito de modelo de desenvolvimento sustentável", continuou, ao apontar que o compromisso da candidatura que será apresentada assenta "num conceito que já está a ser replicado - o corredor biocultural que reúne todas as boas práticas em todas as áreas de indicadores e que traz a ciência, a inovação e um conjunto de boas práticas que estão a ser replicadas por todo o território e que podem funcionar como um corredor de experimentação". "Não é para experimentar se os projectos funcionam ou não, porque eles quando são implementados já passaram por esse pré-teste, mas para experimentar os modelos que queremos incorporar para relacionar todas as áreas de indicadores e poder dizer que Guimarães é um território sustentável. O corredor biocultural incorpora a montanha Penha, o Centro Histórico, a Veiga de Creixomil e estende-se através das ecovias a todo o território. O corredor biocultural tem uma diferença porque tem pessoas e a Comissão Europeia valoriza isso", observou, advertindo: "mas não é preciso a Comissão Europeia valorizar essa dimensão humana porque Guimarães já o fez quando trouxe o cidadão para o centro do ecossistema de governança".

De acordo com Isabel Loureiro, a candidatura de Guimarães a Capital Verde em 2025 deverá ser formalizada em Março/Abril do próximo ano, decorrendo depois em Maio e Junho a fase de avaliação. No mês de Julho, será divulgada a shortlist com as cidades finalistas. A cidade vencedora será divulgada em Outubro de 2023.

Neste momento, a equipa de redacção conta com a colaboração dos vários membros do comité técnico-científico da Estrutura de Missão, do Comité de Acompanhamento Interno com representantes da Câmara Municipal, membros da comunidade científica que é parceira da Estrutura de Missão, como a Universidade das Nações Unidas, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Universidade do Minho e Instituto Politécnico do Ave, bem como com o Comité de Acompanhamento Externo, presidido pelo Nobel da Paz Mohan Munasinghe.

Oposição pediu
clarificação de objectivos

Após a apresentação, a Oposição saudou o regresso das reuniões de câmara descentralizadas depois da interrupção imposta pela pandemia da Covid-19, agora com a versão temática. O vereador do PSD, Bruno Fernandes, admitiu que "esperava mais deste novo modelo de reuniões descentralizadas". "Para além do anúncio da recandidatura a Capital Verde Europeia, poderiam ter sido apresentados projectos concretos que galvanizassem esse desafio. Foi assumido como uma grande prioridade em 2013, como não chegamos lá, esmoreceu. e agora parecia mal abandonar o projecto. Era esperado que fosse apresentado algo de mais objectivo, uma medição do que estava menos bem e do que foi feito para mitigar esses indicadores e por outro lado, a divulgação dos projectos âncora da nova candidatura", considerou.

No mesmo sentido, o vereador social-democrata, Ricardo Araújo, indicou que esperava que nesta reunião fosse detalhado "aquilo que foi feito desde o insucesso da candidatura anterior e o falta fazer para a candidatura seguinte, objectivamente nas diferentes áreas". "Assistimos à assumpção do compromisso de uma nova candidatura para ser Capital Verde Europeia, em 2025, isso já foi um passo positivo, porque desde 2018 não sabiamos bem qual é que era o próximo passo". "Importava saber o que foi feito para melhorar os indicadores nas áreas em que Guimarães teve piores resultados", prosseguiu, referindo-se à área da mobilidade sustentável, aproveitando para defender que "os jovens até aos 25 anos e os maiores de 65 anos deveriam ter transportes públicos gratuitos em Guimarães e o reforço da infraestrutura de carregamento eléctrico pública por forma a acelerar a adopção de veículos eléctricos para uma mobilidade mais limpa e amiga do ambiente". "Esperava que fossem apresentados objectivos a serem alcançados neste caminho até ao reconhecimento como Capital Verde Europeia que todos desejamos. Guimarães está nas 100 cidades da União Europeia para alcançar a neutralidade carbónica até 2030, mas qual é o plano para lá chegarmos. Tão importante como o galardão, é o caminho para lá chegar", insistiu Ricardo Araújo.

O vereador Hugo Ribeiro, do PSD, corroborou essa ideia, insistindo que o Município "despertou muito tarde para uma nova realidade que há muito está sinalizada". "Temos como objectivo alcançar a neutralidade carbónica e continuamos a enfrentar filas de trânsito nas principais vias da cidade e sem solução à vista. Não temos a rede viária adaptada às novas circunstâncias, não temos uma rede de transportes públicos que consiga mitigar o uso do transporte individual. Quando é que vamos atingir as metas de carbono zero?" questionou, destacando que é preciso obter resultados práticos das medidas adoptadas.

Candidatura mais madura
e mais enriquecida

"Estamos a constituir um território biocultural em que através da cultura estamos a defender o meio ambiente", destacou o Presidente da Câmara de Guimarães, ao referir-se ao propósito da matriz conceptual da nova candidatura a Capital Verde Europeia.

Domingos Bragança sustentou que Guimarães posiciona-se como "uma cidade e território de afirmação cultural a nível europeu, com um percurso reconhecido de defesa ambiental, dos valores ambientais, de um modo de vida e da atitude de alteração de comportamentos". "Este corredor da Penha, que atravessa a Cidade e se estende à veiga de Creixomil, que liga as ecovias, ao longo dos nossos rios, abrange todo o território do concelho, num enquadramento com o projecto Sacro-Montes", sublinhou o Edil, frisando a aposta "no caminho do ambiente, da defesa da biodiversidade e da sustentabilidade", estando agora melhor enquadrada pelo facto de Guimarães integrar a lista de 100 cidades europeias para o desenvolvimento de experiências-piloto tendo em vista a neutralidade carbónica em 2030.

Adelina Paula Pinto, responsável do Executivo pelo processo de candidatura a Capital Verde Europeia reagiu às críticas da Oposição, apontando que o trabalho de valorização que tem sido realizado pelo Laboratório da Paisagem, alicerçado na componente científica com vários projectos de investigação que estão a decorrer. "A nossa ambição é fazermos uma candidatura mais madura, mais conhecedora, mais enriquecida por todos estes anos em que não estivemos parados, para que consigamos em 2023 fazer a apresentação dessa candidatura e ser capital verde em 2025", assumiu, ao salientar: "estamos melhor preparados do que em 2017 porque temos a maturidade de aprender com os erros, de tentar resolver alguns dos pontos fracos assinalados e vamos fazer uma nova candidatura com a consciência de que o processo é importante no caminho e com a cenoura de tentarmos chegar lá".

Marcações: Executivo vimaranense, Capital Verde Europeia, reunião descentralizada, Guimarães 2025

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