Marcos históricos



Praticamente decorrido o primeiro quartel do século XXI, são já vários os acontecimentos que ficarão a constituir marcos importantes na história

deste século que estamos a viver.

Revisitando a história dos dois séculos passados e procurando encontrar os acontecimentos mais relevantes, vêm-me à memória aqueles que deixaram marcas, seja pelo impacto que na altura tiveram, seja pela forma como vieram a influenciar o futuro.

Começando pelo século XIX, ocorre-me, desde logo as Invasões Napoleónicas de 1807/1810 pelo impacto que tiveram no quotidiano da vida dos portugueses e, sobretudo, pelo gérmen que lançaram na transformação da vida social, económica, política e cultural do país.

Com a corte no Brasil e a soberania régia mantida por um Conselho de Regência, com o país tutelado por estrangeiros, o descontentamento geral conduziu a insurreições que se foram sucedendo, pondo em conflito as novas ideias liberais com as da monarquia absoluta em vigor conduzindo à Revolução Liberal de 1820.

Mais tarde, a guerra civil de 1832/1834 entre os defensores das ideias liberais da Constituição de 1822 defendida por D. Pedro e os absolutistas defensores do sistema tradicional de governo baseado no poder absoluto do rei, defendido por seu irmão D. Miguel e seus apoiantes.

A Revolução Industrial iniciada na indústria têxtil inglesa no século anterior, assim como o forte desenvolvimento do país levado a cabo pelo ministro Fontes Pereira de Melo – Fontismo – que de entre muitos investimentos públicos estabeleceu uma rede viária de estradas e caminhos de ferro, diminuindo as assimetrias regionais e facilitando a integração Europeia de Portugal.

O século XX ficou marcado pelo fim da monarquia e Implantação da República em 5/10/1910, iniciando-se um período de grande transformação e instabilidade social, política e económica, assim como pela deflagração da Primeira Grande Guerra de 1914/1918 na qual Portugal participou com o Corpo Expedicional Português-CEP.

Pela sua proximidade e repercussões sentidas, também a Guerra Civil Espanhola de 1936/1938, palco de treino das forças de Hitler como preparação para a segunda grande guerra, não deixou de marcar o século passado.

A Segunda Grande Guerra de 1939/1945 na qual Portugal, tendo adoptado uma posição de neutralidade, não deixou de sofrer as consequências da maior tragédia do século XX.

A revolução do 28 de Maio 1926 protagonizada pelo general Gomes da Costa que a partir de Braga pôs fim ao período conturbado da República e instaurou um regime autoritário que viria a conduzir ao Estado Novo cujo governo inicialmente participado por António Oliveira Salazar como ministro, viria a ser por ele presidido por um período de 48 anos.

A Revolução dos Cravos, em 25/04/1974, protagonizada pelo Movimento das Forças Armadas a que, espontaneamente, se associou o povo e que viria a restituir as liberdades e a dar início ao novo regime democrático reforçado a 25 de Novembro de 1975 e finalmente liberto da tutela do Conselho da Revolução em 1982.

A adesão de Portugal à União Europeia em 12/06/1985 constituiu também um importante acontecimento da segunda metade do século XX que contribuiu, claramente, para um enorme salto qualitativo do nível económico e social do país.

Tal como no início se referia, são já vários os acontecimentos que ficarão a constituir marcos importantes na história deste século que estamos a viver.

A Crise das dívidas soberanas em 2010 que empurrou Portugal para um período de fortíssima contenção da despesa e aumento de impostos exigidos pela Troika (FMI, BCE e CE) com vista ao equilíbrio das contas do Estado pelos desajustados investimentos públicos do governo de José Sócrates.

A Covid 19 espoletada no final do ano de 2019 por um novo coronavírus designado por Sars Cov2 que criou em Fevereiro de 2020 uma pandemia como há mais de um século a humanidade não conhecia, paralisando praticamente toda a actividade económica e social. Graças ao empenhamento do mundo inteiro envolvendo verbas astronómicas e ao desenvolvimento da ciência foi possível encontrar num prazo inferior a um ano uma vacina que veio permitir ao mundo regressar ao ritmo quase normal.

A Guerra na Ucrânia, país europeu que se vê confrontado com os instintos imperialistas de Putin, um senhor que substitui o direito internacional pelo direito da força e invade e destrói um país aos olhos de toda a gente, conduzindo não só ao sofrimento de todo um povo como pondo em causa a segurança e o funcionamento do mundo inteiro.

Oxalá se faça luz nas mentes dos responsáveis internacionais de modo a ser conseguido o restabelecimento da Paz.

Guimarães, 17 de Maio de 2022

António Monteiro de Castro

Imprimir Email