“GUERNICA”

É o presente incontornável.

 

Sobremaneira para nós, europeus e mormente para aqueles que nascemos antes da 2.ª Guerra Mundial (que passamos grande parte da nossa infância durante ela e o resto, e início da juventude, com as suas sequelas), o cenário de uma nova guerra neste nosso espaço seria, crê-se, impensável.
Pois ela já aí está; ainda que, provavelmente, circunscrita.


É certo que, antes dela, já a tivemos lá para o lado dos Balcãs, com uma grande dose de atrocidades que, em menor escala e por similares separatismos, ocorreram também pelas bandas caucasianas, ou, mais recentemente, nessa mesma Ucrânia. E terrorismos organizados que, na mesma onda ética, são igualmente inconcebíveis e inaceitáveis.
É que nada, absolutamente nada e em caso algum, justifica o uso agressivo de armas.
Mais e para que fique claro desde o princípio, tal acção bélica deveria ser classificada como um gravíssimo crime de lesa-humanidade.
Porque o é!

A ser assim, não importa analisar causas e argumentos para buscar justificações que em si nada relevam; porque, entenda-se e repetindo, quaisquer que elas e eles sejam, não são passíveis de motivarem o recurso às armas.
Em absoluto!
Em absoluto e ponto final!
Ora não é com manipulações massivas através duma servil comunicação social, duma desinformação simplicista ao jeito de ing-yang, de bem e de mal, que se escamoteia a essência do problema; cujo cerne não se pode focalizar na culpabilização ou desculpabilização, mas, tão só e apenas, na total inadmissibilidade da guerra, qualquer que seja a razão que se invoque para ela.

Rejeite-se veementemente, pois, a abertura desta Caixa de Pandora.
Aliás, será que os povos envolvidos quiseram esta guerra?
Ou foram elites que, como sempre, a congeminaram, decidiram e iniciaram?
É que nestas coisas não há partes inocentes.
Mas, voltando à força das armas, aliás, com um cheiro a faroestização (o direito do mais forte) tão caro aos anglo-saxónicos, cria-se que ela não mais caberia na actual civilização europeia. Porquê? Por esta ter sido causticada durante milénios por guerras e mais guerras que originaram hecatombes, sofrimentos e danos materiais que perturbaram o rumo do seu desejável desenrolar histórico via ao progresso.

Aliás, a História e na sua objectividade, o que nos demonstra é que a tal força das armas nunca, verdadeiramente, resolveu qualquer problema. E mesmo que, temporalmente, o resultado passa mostrar-se e aparentar ser positivo, com o andar das conjunturas e ainda que estas tenham sido perduráveis, tudo tende a regressar, quase, ao desenvolvimento sequencial do processo social anterior.
Tanto mais que a opressão jamais proporcionou boas soluções. E a Rússia sabe muito bem disso e não o devia esquecer.
Em qualquer caso, o que se espera é que não se entre na via das retaliações e contra-retaliações, numa espiral que pode e mesmo que não haja essa intenção inicial, descambar num descontrolo de inimagináveis consequências. Estas últimas já admitidas pela boca do representante de uma sonsa elite que, não obstante as suas variadas e constantes intervenções militares traduzidas em desaires, nunca mais tem o bom senso de perceber que o mundo ocidental está cheio das guerras e apenas deseja viver em paz.
Em paz e bom senso.

Assim, é imperioso que se estabeleça o imediato diálogo para parar, ontem, esta criminosa catástrofe que nunca devia ter irrompido. E que maioritariamente o povo europeu de certeza não quer; porque a sua cultura e depois de todo o nosso passado bélico, não nos permite regressar ao homo homini lupus.
Já chega!
Basta!
Ademais com a saída duma pandemia às costas e cuja recuperação vai ter repercussões na vida de todos nós, europeus, não podemos aceitar que se as agravem ainda mais com os horrores de uma guerra demasiado perigosa para a nossa Casa Comum.
Sem nos podermos esquecer e pôr de lado as já desastrosas alterações climáticas. Alterações que estão aí e cujo tentativa para as minimizarmos vai exigir imenso de todos nós e que, por conseguinte, não podem, igualmente, ser aditadas com novas práticas nocivas, que as agudizarão ainda mais e contribuirão para a sua aceleração.
Portanto, o rotundo não à guerra, qualquer que ela seja e há várias por esse planeta fora, é um imperativo humano que provem da nossa primeira e essencial identidade: a de homo sapiens sapiens.
Frateli Tutti!

Fundevila, 25 de Fevereiro de 2022

PS - Pelos vistos pretende-se aquecer a tragédia e ignorar o bom senso, porque os interesse de elites, sejam eles e elas quais forem, falam mais alto que o supremo valor do ser HOMO.

Fundevila, 9 de Março de 2022

Óscar Jordão Pires


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