AZURÉM: Visita guiada à casa com torre medieval propriedade da Sociedade Martins Sarmento

"Não há muitas torres-casa medievais no nosso País. Grande parte desta é originária do século XIII, mas com uma construção anterior possivelmente do tempo de D. Mumadona!", começou por apresentar o arquitecto Miguel Frazão, da direcção da Sociedade Martins Sarmento, na visita guiada organizada este sábado à Casa de Pousada, situada na freguesia de Azurém, em Guimarães.

Envolvida por uma mata verdejante, a poucos minutos do centro da Cidade, a casa e terreno envolvente foi doada em 2020 pelo seu proprietário, Luís Bandeira, à Sociedade Martins Sarmento, na ocasião sob a presidência de Paulo Vieira de Castro, procurando assim que este singular monumento vimaranense pudesse ser usufruído publicamente.
Cerca de meia centena de pessoas aderiram à iniciativa da centenária instituição vimaranense, ficando rendidas ao encanto do lugar em que o edifício singular, semelhante a um pequeno castelo, surge altaneiro e impõe-se na paisagem deslumbrante.

Antigo solar dos Peixotos, a Casa da Pousada conserva expressões de um passado medieval. Edificada em meados do século XIII é referida como uma das primeiras construções que apresenta características do estilo gótico, em arquitetura civil, no norte de Portugal. Disso é exemplo uma das janelas que ostenta até o brasão daquela família.
Com estrutura de torre, apoiada em enormes e arredondadas massas graníticas, pela sua localização visava, certamente, objectivos de defesa.

A propriedade conservou-se desde o século XIII na posse da família dos Peixotos, até ser vendida, na última década do século passado. O edifício foi sofrendo diversas transformações ao longo dos séculos. Estão documentados o acrescento de um corpo a Norte (actual sala de entrada), realizado no século XVII; um restauro iniciado em 1903, pelos novos proprietários, que prolongaram as paredes medievais, tentando recriar a sua primitiva forma de torre; e um novo restauro realizado em 1959, em que a intervenção se centrou, fundamentalmente, no interior do edifício, procurando melhorar a sua habitabilidade.


A Sociedade Martins Sarmento abriu as portas da Casa de Pousada ao público. "É uma casa-monumento pouco conhecida. A maior parte dos vimaranenses não sabe da existência desta casa porque ela está bastante escondida. Não está junto a nenhuma estrada, ninguém a vê. A ideia é torná-la mais pública, mais visitável e aberta ao público", assinalou Miguel Frazão, da direcção da Sociedade Martins Sarmento, empenhada em divulgar este património.

Os participantes tiveram ainda a oportunidade de 'provar' os vinhos da Quinta Pousada de Fora, cuja vinha se estende pelos terrenos vizinhos do "castelinho" que tantas estórias já testemunhou e que tantas outras narrativas pretende inspirar.

  

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