Festivais de Gil Vicente vão celebrar o teatro com "novas vozes e novas dramaturgias"

Mais uma vez, os Festivais de Gil Vicente vão marcar o panorama cultural vimaranense nas duas primeiras semanas do próximo mês. Entre os dias 2 e 11 de Junho, a edição deste ano privilegia a aposta na renovação, numa celebração do teatro com "novas vozes e novas dramaturgias", com seis espectáculos, um workshop e as jornadas do teatro.

Na conferência de imprensa de apresentação, realizada esta quarta-feira, o Director Executivo da A Oficina destacou a parceria com o Círculo de Arte e Recreio que tem permitido manter um evento iniciado há 34 anos. Ricardo Freitas realçou a oportunidade do Festival ser o palco para o espectáculo que resulta do projecto vencedor da quarta edição da bolsa Amélia Rey Colaço, fruto de uma parceria entre A Oficina, o Teatro Nacional D. Maria II, o Teatro Viriato e O Espaço do Tempo que estimula o "trabalho de novos criadores".

A "celebração do teatro" continua a ser a matriz do programa, observou Rui Torrinha, da Direcção Artística, explicando que a "renovação" marca "esta nova fase dos Festivais". "Já iniciamos no ano passado a abertura a novas vozes, novos protagonistas e novas dramaturgias e vamos seguindo esse caminho este ano. Esta composição relaciona-se com o tempo fracturante que vivemos no mundo e localmente. Vamos tentar reflectir nos seis espectáculos as matérias fracturantes e as novas questões que se levantam em torno da organização da sociedade no mundo actual... Pensar e sentir isso a partir deste lugar que é Guimarães", referiu, destacando "duas estreias absolutas no programa". "O investimento na co-produção mantém-se nesta edição", explicou, sublinhando a ligação do desenvolvimento dos processos criativos em Guimarães, através de residências artísticas em São Martinho de Candoso ou na Fábrica Asa. "Há uma relação com os artistas e com os criadores e assim um transbordo para o território", frisou.

Para além dos espectáculos, os Festivais de Gil Vicente incluem uma programação paralela dinamizada pelo Teatro Oficina. "Neste segundo ano, depois de um momento de paragem, o sector da cultura ainda não conseguiu retomar na sua totalidade, está fragilizado, assim como as pessoas que estão a estudar teatro, produção, luz e som e tentam começar a sua vida profissional. Se antes era difícil, agora ainda é mais", começou por assinalar Sara Barros Leitão, directora do Teatro Oficina, ao justificar a forte componente de formação associada ao projecto teatral da Cooperativa.

"Depois do fim" é um ciclo dedicado à temática "o que é que acontece quando a escola acaba", precisou, ao justificar a sua realização com um workshop e jornadas "numa cidade que tem uma licenciatura em teatro, que está a poucos minutos de Famalicão onde existe um curso profissional, a uma hora de várias escolas no Porto... Uma cidade que está no epicentro de todos estes jovens que querem iniciar a sua vida profissional".

A atriz e encenadora Beatriz Batarda conduzirá um workshop gratuito, em que os 14 participantes serão selecionados para trabalharem o tema "De que nos serve a ilusão?", nos dias 6,7,8 e 9 junho, no Espaço Oficina.

As Jornadas do Teatro serão dedicadas aos jovens que "estão na escola e a sair da escola", enfatizou Sara Barros Leitão, observando que esse ponto de encontro permitirá abrir horizontes para a realidade do "início da laboralidade". "Não vale a pena só fazer teatro e ver teatro. É preciso saber como é que se começa", sinalizou, considerando que estes momentos permitirão um cruzamento dos públicos, "podendo fazer formação durante o dia, ver espectáculos à noite, estarem com os artistas, poder conversar".

O Presidente de A Oficina e Vereador da Cultura do Município de Guimarães acentuou a primazia dada às novas criações nesta edição dos Festivais de Gil Vicente, num processo em que a Instituição procura ser agregadora e facilitadora do trabalho criativo e divulgação do talento. Paulo Lopes Silva fez referência à nova criação da "companhia de teatro, sediada no Espaço Oficina", aludindo ao seu envolvimento "na sustentabilidade de todo o projecto e na forma como se articula com as diferentes dimensões" presentes no território, "na relação com a Universidade do Minho, com os novos criadores e com a saída para o mercado de trabalho". "A Oficina tem dezenas de professores nas escolas do Concelho envolvidos no processo e na viabilização do acesso à cultura, num ciclo que está a ser alimentado constantemente", afirmou, tendo adiantado que A Oficina está envolvida numa parceria com a Universidade do Minho para a criação de um curso de pós-graduação naquela área.

A edição deste ano conta com o apoio do Círculo de Arte e Recreio, instituição historicamente ligada à dinâmica dos Festivais. O orçamento ronda os 55 mil euros.
Fica a título de sugestão para aproveitar os preços mais acessíveis: o passe geral custa 30 euros e há ainda um passe para três espetáculos pelo valor de 15 euros.

Festivais de Gil Vicente 2022 - Programa

Os Festivais de Gil Vicente vão decorrer de 2 a 11 de junho. O espectáculo de abertura é a estreia de "Tratado, a Constituição Universal", de Diogo Freitas, no dia 2, às 21h30, no grande auditório Francisca Abreu, no Centro Cultural de Vila Flor.

Dia 2 de junho - "Tratado, a Constituição Universal", de Diogo Freitas, 21h30, CCVF
Dia 3 de junho - "Massa Mãe", de Sara-Inês Gigante, 21h30, CCVF
Dia 4 de junho - "Limbo", Victor de Oliveira, 21h30, CIAJG
Dia 9 de junho - "O Desprezo", Auéééu, 21h30, CCVF
Dia 10 de junho - "Another Rose", de Sofia Santos Silva, 21h30, CCVF
Dia 11 de junho - "Still Marianas", Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu

Marcações: Festivais de Gil Vicente

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