Projecto Bússola ajuda "pessoas a serem felizes e a encontrarem o seu lugar no mundo"

A Secretária de Estado da Igualdade e Migrações elogiou a Casa do Povo de Fermentões por "não ter medo de abraçar novas causas", destacando a capacidade revelada pela instituição "para interpretar o mundo e as necessidades da comunidade" onde está inserida.

As considerações foram feitas por Isabel Almeida Rodrigues, após a assinatura do protocolo que atribui uma subvenção do Governo no valor de 42 mil 613 euros à actividade desenvolvida pelo gabinete de atendimento e orientação do projecto Bússola, de apoio especializado para a população LGBTQIA+ e respectivas famílias.
"É um dia feliz" fez questão de observar a governante, numa cerimónia em que considerou a presença do Presidente da Câmara de Guimarães como "um sinal do compromisso do Município com a causa dos direitos humanos e todas as causas a eles associados". "É um dia feliz porque temos perfeita consciência do muito trabalho que é preciso fazer nesta área. Portugal tem a grande responsabilidade, neste momento em que surgem ameaças aos direitos humanos, de manter estas questões na ordem do dia, para que a Europa continue o caminho de evolução", afirmou, insistindo na importância do "papel de charneira" da Instituição ao implementar o projecto. "Enquanto dentro de nós não fizermos as mudanças, elas nunca serão concretizadas", apontou a governante, sublinhando ter consciência "da especial vulnerabilidades que vem do preconceito que reina em muitos de nós". Para tal, considerou, é necessária uma abordagem transversal e abrangente que atenda a todas as dimensões do ser humano. E exemplificou: "as pessoas trans são muito sofridas, podem ser excluídas, vítimas de violência e de múltiplas discriminações. Os efeitos ao nível da saúde mental podem ser devastador. O preconceito anula, isola. E, por vezes, demoram muito tempo para mostrar ao mundo o que são".

A Secretária de Estado vincou o compromisso do Governo com a promoção e protecção dos direitos humanos, dotando as instituições de recursos para o trabalho de proximidade e especializado. "O gabinete do projecto Bússola é a primeira resposta de atendimento no Minho e vai associar-se às outras respostas existentes no País, integrando ainda a rede de apoio a vítimas de violência doméstica", realçou Isabel Almeida Rodrigues, incentivando a Instituição a "continuar a aprofundar medidas no terreno, desempenhando um papel fundamental na transformação social".
"Nesta área, pela sensibilidade, a abordagem tem de ser a correcta, porque uma abordagem desastrosa pode destruir uma vida. Só com profissionais qualificados é possível fazer um bom trabalho", justificou, ao referir-se à necessidade de assegurar as condições financeiras indispensáveis para o desenvolvimento do projecto que "é um marco significativo no território, por trabalhar com pessoas de todas as idades". "Espero que este seja o início de um novo ciclo de expansão das respostas que é preciso fazer a este nível", salientou, saudando, em particular, o trabalho desenvolvido junto das crianças e jovens em idade escolar.

Para o Presidente da Câmara, o projecto Bússola "é necessário e exigente". "Tem de reunir conhecimento, empatia e coragem, no sentido de defender a igualdade de género e a liberdade de orientação sexual, que é um valor universal", anotou Domingos Bragança, ao frisar que "há muito caminho a fazer". "Não podemos fazer ninguém sofrer porque pensamos de forma diferente", advertiu, ao sublinhar que "todos somos seres humanos com direito a viver e receber um tratamento com dignidade independentemente da orientação sexual".
O Presidente da Casa do Povo de Fermentões destacou que o reconhecimento da Secretaria de Estado constitui "um prémio" a coroar as comemorações de mais um aniversário, enaltecendo a celeridade no processo de decisão. "Foi com um grande empenho da nossa equipa que o projecto conseguiu vingar, graças à união de muitos esforços e vontades", alegou Alberto Torres, ao explicar que «Bússola é aquilo que nos orienta na vida», sendo a missão do projecto "fazer tudo o que está ao nosso alcance para que o ser humano se sinta cada vez mais incluído".

O psicólogo Carlos Oliveira é o responsável pelo projecto e não escondeu a felicidade pela forma como a resposta de atendimento e orientação se implantou. Surgiu em meados de 2021, "com uma resposta a medo, porque sabíamos que era necessário algum tempo, porque havia dúvidas sobre a orientação e acompanhamento. De repente, surgem pedidos e solicitações de Lisboa, Porto e até do Brasil". "Há muitas pessoas que se preocupam e que fazem alianças, já conseguimos criar uma rede de trabalho, de ligação que une diferentes pessoas, na luta pelos direitos humanos, ajudando as pessoas a serem felizes e a encontrarem o seu lugar no mundo".
O projecto Bússola, criado e desenvolvido pela Casa do Povo de Fermentões, entidade parceira no âmbito da Promoção da Igualdade no concelho de Guimarães, contempla um gabinete de apoio à comunidade LGBTQIA+ e familiares.
Com sede nas instalações da Casa do Povo de Fermentões, o projecto dinamiza acções de informação e sensibilização no concelho de Guimarães e em outros concelhos limítrofes.
Trata-se de um serviço especializado para a população lésbica, gay, bissexual, trans ou intersexo (LGBTQIA+) e respectivas famílias, com apoio informativo, encaminhamento para outras entidades, trabalho colaborativo e apoio em situações mais específicas tais como de violência familiar, violência no namoro, bullying na escola, através de um atendimento com profissional qualificado.


Marcações: LGBTQIA+

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