"O mundo precisa de homens feministas" alertou Ministro da Educação no “Fórum da Igualdade: Encontro Feminista”

"O mundo precisa de homens feministas" defendeu o Ministro da Educação, João Costa, esta manhã na sessão de abertura do “Fórum da Igualdade: Encontro Feminista” que está a decorrer em Guimarães.

Na cerimónia realizada no Teatro Jordão, o governante reconheceu que "a igualdade nunca é um dado adquirido", enaltecendo a organização de um "evento que põe o dedo em várias feridas abertas, que estão por sanar". "Nos vários países do mundo, assistimos diariamente aos direitos das mulheres a serem desrespeitados, todos acompanhamos com revolta e emoção o que se passa no Irão e no Afeganistão. Exemplos claríssimos de recuos nos direitos das mulheres, ainda que tenha havido promessas de que não haveria recuos. Indignamo-nos, solidarizamo-nos, manifestamo-nos e pensamos que é impossível; mas há também o risco de pensarmos que a violação dos direitos das mulheres só acontece lá longe, nalguns países e ela que não acontece no meu bairro, na minha cidade, no meu país", afirmou.

"Ainda que a violência e o desrespeito pelos direitos das mulheres possa não ter uma expressão tão violenta como nalguns lugares do mundo, não podemos baixar os braços e conformarmo-nos porque aqui não é tão mau", apontou João Costa, insistindo: "sempre que há desigualdade é mau, sempre que há violação de direitos humanos é mau".

Referindo que, em Portugal, à semelhança de outros países da União Europeia, "em média, as mulheres têm um rendimento que anda entre os 14 e os 16 por cento mais baixo do que os homens", João Costa observou que "as mulheres trabalham mais, sobretudo quando consideramos o trabalho remunerado e o trabalho doméstico" e as vítimas de violência doméstica são maioritariamente mulheres, fazendo ainda alusão ao facto de se ouvir que "quando um homem que é determinado no seu trabalho é corajoso e quando é uma mulher determinada no seu trabalho parece um homem".  "São sinais claros de que ainda está tudo por fazer", apontou.

"Portugal tem sido um dos países que mais cresce no Índice de Igualdade entre homens e mulheres e também temos um crescimento mais rápido, porque o nosso ponto de partida era pior", disse, ao indicar que "um dos piores equívocos do feminismo é acharmos que esta é uma causa das mulheres". "O mundo precisa de homens feministas, o mundo precisa que se afirme que o feminismo é uma causa dos direitos humanos, dos direitos de todos. Se não houver igualdade, eu sou um homem pior do que se houver igualdade entre os homens e mulheres. Estamos a falar do desenvolvimento humano, da qualidade das democracias, de toda a humanidade", continuou, saundando o fórum junta três áreas governativas: a igualdade, a cultura e a educação, "num casamento oportuno.

O Ministro da Educação realçou a importância do ensino para ajudar "a desmontar um conjunto alargado de estereótipos, de comportamentos que se não apresentarmos outras realidades possíveis". "Apresentar outras alternativas é a função primeira dos sistemas educativos", frisou.

O Presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, centrou a sua intervenção na

vertente da educação. “Guimarães elegeu como pilares para o seu desenvolvimento a educação, a cultura e a ciência. Entendemos assim empoderar os cidadãos, onde todos estão incluídos, e robustecer a economia e alertamos para as principais preocupações com as causas climáticas. Neste empoderamento dos cidadãos está a preocupação e a causa pela Igualdade de Género, a capacidade de entender onde está a desigualdade. É preciso após estruturar pensamento para passar à ação e há ainda muita conquista para fazer. Espero que este Fórum tenha modo e meios de passar a informação para a comunidade e de envolver essencialmente as nossas escolas, a começar pelas crianças e pelos mais jovens, na vertente da edução para a construção de uma sociedade inclusiva, diversa e justa”, sublinhou Domingos Bragança.

O “Fórum da Igualdade: Encontro Feminista” está a decorrer em Guimarães, reunindo feministas e especialistas de Portugal, França e outros países, através da Temporada Cruzada. 

Nesta quarta-feira, estão a decorrer várias mesas redondas, para abordar temas como “Novas Cartas Portuguesas 50 Anos Depois”, “Os Direitos das Mulheres”, “Feminismos, democracia e paz” ou “O papel fundamental dos homens feministas”.

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