Francisco Vieira sobre insolvência da António Almeida & Filhos: «Ou as condições existem, ou poderemos estar perante uma tragédia»

O Coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes vai contactar ainda esta quarta-feira o administrador da insolvência nomeado pelo Tribunal de Guimarães, após ter decretado a insolvência da empresa têxtil António Almeida & Filhos (AAF).

Em declarações prestadas ao Grupo Santiago, Francisco Vieira adiantou que, na passada sexta-feira, teve oportunidade de manifestar as preocupações a um dos administradores da AAF, ao tomar conhecimento do pedido de insolvência. "A decisão já era do conhecimento geral, embora o processo ainda não tivesse dado entrada no tribunal. Havia contactos com potenciais compradores que diziam que tudo indiciava que iria surgir uma insolvência, o que deixou os candidatos à compra da AAF muito zangados. Há até a informação que existe uma possível desistência do interesse pela aquisição da AAF", assinalou o dirigente sindical, ao dar conta de que "não era isto que pretendiam os potenciais interessados". "A nossa estranheza é porque é que não se vende a empresa a quem está interessado e apresentar a melhor proposta com as melhores condições!", justificou.

Francisco Vieira assume "o aumento da incerteza e da instabilidade nos trabalhadores porque se antes da decisão já andavam muito preocupados com os níveis de funcionamento da empresa, com a falta de matérias-primas e a ficarem cada vez mais desocupados, com esta situação aumentaram as preocupações. Estará garantido o salário de Julho? O subsídio de férias? Essas perguntas já as fizemos". "Na sexta-feira, o Administrador disse-nos que à partida está garantido o salário de Julho, mas coloca-se também a questão quanto ao subsídio de férias e ao mês das férias", acrescentou, garantindo que a estrutura sindical envolverá os trabalhadores num processo que é semelhante ao da Coelima.

De acordo com o dirigente, na petição que acompanha a sentença de insolvência, é referido que "tinha existido uma conversa com o Dr. Bruno Pereira sobre a sua disponibilidade e qual o projecto que a insolvente pretendia. E o administrador tinha-se disponibilizado para dar corpo ao que era pretendido pelos accionistas que desejam a continuidade da empresa, a defesa dos postos de trabalho".
"A AAF tem um passivo mencionado na petição inicial, com valores referentes a 30 de abril deste ano, a rondar os 25 milhões de euros, num conjunto de 414 credores, com o Novo Banco à cabeça quase com 10 milhões de passivo e 39 por cento do crédito total", adiantou, ao revelar que teve acesso "a informação de que o Novo Banco estava de acordo com uma solução para uma venda da empresa aos interessados, mas que não haveria consenso nos principais accionistas (Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos e BCP)", continuou o dirigente, observando que neste processo "há uma particularidade que não existia na Coelima".

"Na AAF, a partir do momento em que o administrador da insolvente for notificado, a responsabilidade é toda dele e irá recorrer aos quadros da empresa e da administração para ser ajudado", sublinhou.

"A AAF tinha uma carteira de encomendas no valor de 18 milhões de euros e há grandes preocupações sobre a concretização destas encomendas nos prazos previstos. É urgente que o Sr. Administrador comece a trabalhar neste processo. Iremos contactá-lo de imediato para procurar saber quais são as suas intenções e se está tudo garantido. Ou as condições existem, ou poderemos estar perante uma tragédia. Iremos trabalhar para assegurar a continuidade da AAF. A média etária dos funcionários está na casa dos 52-53 anos e as pessoas querem trabalhar", defendeu Francisco Vieira, alertando que a empresa está a fazer redução do horário de trabalho, no âmbito das medidas do lay-off de apoio à retoma.

Na próxima semana, o dirigente sindical vai reunir com os trabalhadores, "para apontar um caminho para que as pessoas tenham a garantia de que os salários e os subsídios serão assumidos, assim como a continuidade da empresa".

Marcações: Sindicato Têxtil do Minho e Trás os Montes, António Almeida & Filhos, declaraçãode insolvência

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