Creches sem vagas e com longas filas de espera

Lotadas e com longas listas de espera. É este o cenário das creches de Guimarães que estão a levar os pais ao desespero. Os meses de Março e Abril são escolhidos, normalmente, para períodos de inscrição nas creches para crianças que irão frequentar estes espaços a partir de Setembro, mas este ano está tudo a ser “muito complicado”. A descrição é dos responsáveis das instituições de Guimarães com esta valência.

"Temos uma procura enormíssima. Estamos a receber inscrições com excepção do berçário. Estamos a condicionar a recepção de inscrições no berçário, porque só temos condições para uma quinzena de crianças. As orientações da Segurança Social vão no sentido de quem pode frequentar o berçário a 1 de Setembro, preferencialmente, com irmãos a frequentar a instituições", explica Fernando Alves Pinto, do Lar de Santa Estefânia.

A instituição tem capacidade para uma centena de crianças na creche e Fernando Alves Pinto garante que não estão fechadas as inscrições, apesar de salientar que não está garantido lugar. "As crianças que nasçam em Maio ou Junho, que não estão em condições de iniciar em Setembro, já não têm lugar. Admitimos inscrições na creche, mas não posso garantir matrícula. Temos uma lista de dezenas de crianças que não tiveram vaga no ano passado. Os pais têm razão para estarem preocupados ou até indignados, mas quem define a ocupação das salas não são as instituições é o Estado, por via da Segurança Social, ou seja por acordos que celebra. Gostaríamos de ter mais duas ou três salas de creche, porventura até temos condições, mas é preciso a Segurança Social assegurar que seja possível. Caso contrário há risco de coima", aponta o responsável, revelando que as admissões acontecem entre Abril e Maio.

O Centro Social de Brito aceita inscrições, mas já há a "certeza" de que não há vagas para uma creche com 66 lugares. "Nós sempre aceitamos inscrições, mas temos a certeza de que não há espaço, uma vez que as creches estão lotadas. Não podemos ultrapassar o que a lei diz. As duas creches estão lotadas e as inscrições não faltam. Já sabemos que para o ano isto vai ser um caos", alerta o presidente José Dias.   

O aumento da procura e da indefinição trazidos pelo programa Creche Feliz, que permite a frequência gratuita destes espaços às crianças nascidas após 1 de Setembro de 2021 é uma das razões apontadas pelos responsáveis. 

"Até agora, algumas crianças ainda ficavam com os avós, mas com o processo de gratuitidade tudo vai para a creche. É um problema que vai continuar a existir, porque não se faz uma creche de uma hora para a outra. O Centro Social de Brito até estava disponível para fazer obras numa escola devoluta, mas as exigências são tão grandes e o dinheiro é tão pouco que não conseguimos abrir novas instalações. Sabemos que todas as creches estão lotadas e têm muita procura", afirma José Dias, adiantado que "tem todos os dias pessoas a bater à porta" à procura de vaga, mostrando algum desespero.   

No Centro Comunitário de Solidariedade e Integração Social de Tabuadelo o cenário não é diferente. A procura continua em alta, seguindo o historial do último ano. "Estamos lotados e com uma lista de espera grande. O último ano e este estão a ser dois anos complicados, com o desespero de pais a vir de muito longe. Dizem mesmo que não têm onde colocar os filhos", refere  a directora técnica da instituição, Patrícia Silva. 

Outro facto apontado pelos responsáveis para a elevada procura deve-se à legalização das "amas", com respectiva inscrição na Segurança Social. "Agora as amas têm de estar inscritas na Segurança Social e têm de cumprir os requisitos impostos. Assim, existem menos amas e leva ao aumento da procura. Desta forma, os pais vão ter de pedir baixa para ficar com as crianças", sublinha a responsável do Centro Comunitário de Solidariedade e Integração Social de Tabuadelo, que conta com 39 vagas divididas em três salas. 

Marcações: creches

Imprimir Email