Auditoria às contas do Vitória revela "crescimento insustentável” dos gastos no espaço de quatro anos



A auditoria da empresa Bakertilly às contas do Vitória revelou um “aumento muito significativo” dos gastos com o pessoal no espaço de quatro anos. De acordo com os dados revelados por aquela empresa, o Vitória passou de 8.8 milhões de euros em gastos com pessoal em Junho de 2018 para 19.6 milhões de euros em Junho de 2022. “A rubrica que de facto mais contribui para este aumento significativo, é a rubrica de remuneração de jogadores, que mais do que duplica, passando de 5.7 milhões de euros para 12.7 milhões”, assinala o documento apresentado aos sócios, que sublinha “um crescimento insustentável” face ao volume de negócios.

A auditoria da Bakertilly indica que em Junho de 2022, o resultado líquido das contas do Vitória foi negativo em 13.7 milhões de euros. Acrescenta ainda que entre Junho de 2018 e Junho de 2020 o resultado líquido “foi positivo”, num período em que os gastos com o pessoal “representaram um peso menos significativos na estrutura de gastos.” “Adicionalmente, se a operação de compra e venda simultânea de jogadores, mencionada anteriormente, tivesse sido registada sem impacto na Demonstração de resultados de 2021 (ou seja caso o valor imobilizado tivesse sido registado em resultados, a deduzir aos Outros rendimentos e ganhos de 2021), o resultado liquido do exercício de 2021 viria penalizado em cerca de € 15M, efeito que afetaria também negativamente o Capital Próprio no mesmo montante”, pode ler-se, numa análise ao negócio realizado com o FC Porto no Verão de 2021. Na altura, recorde-se, o Vitória indicou que adquiriu os médios Francisco Ribeiro e Rafael Pereira ao FC Porto por 15 milhões de euros. O FC Porto, por se turno, argumentara que também contratou ao Vitória dois jogadores, Romain Correia e João Mendes, por 15 milhões de euros.

Relativamente ao passivo, a auditoria confirma que as contas consolidadas do Vitória apresentaram, em Junho de 2022, um valor de 52.1 milhões de euros. “O negócio de compra e venda simultânea de dois jogadores impactou igualmente o passivo, tendo ocorrido um aumento significativo em financiamentos obtidos”, pode ler-se no documento, que acrescenta: “Em 2021 o passivo aumentou significativamente face a 2020 (quase que triplicou). Esta situação resulta essencialmente da operação de compra de jogadores a um outro Clube, referida anteriormente e ocorrida em 2021 e da posterior operação de financiamento efetuada no âmbito daquela operação.”

Entre muitas outras recomendações, a empresa Bakertilly entende que o Vitória deve implementar um manual de governação (organização, políticas e procedimentos), ética e confidencialidade e de auditoria interna, assim como um modelo e Sistema de gestão. É recomendada ainda a profissionalização e estabilidade da Estrutura Organizacional, mas também a profissionalização dos diretores que reportam à Direção e o desenvolvimento de quadros especializados em áreas como imobiliário, comunicação e marketing, financeira, scouting e Futebol.


Marcações: Vitória Sport Clube

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