Mauro Fernandes: “Tenacidade identifica o grupo do Xico Andebol”



O presidente do Xico Andebol, Mauro Fernandes, está convencido que as primeiras vitórias na 1.ª Divisão de andebol vão chegar em 2022. Na primeira metade da época, o Xico Andebol não conseguiu vencer qualquer jogo para o campeonato. Um cenário que vai mudar, assegura Mauro Fernandes numa entrevista ao DESPORTIVO de Guimarães.

A equipa sénior do Xico Andebol ainda só somou um triunfo esta temporada, na Taça de Portugal, não registando qualquer resultado positivo no campeonato. É um cenário que não esperava, apesar das dificuldades inerentes ao facto de estar a disputar a 1.ª Divisão?: "Quando partimos para esta época tínhamos dois cenários: um mais favorável e outro menos favorável. Estamos nitidamente a viver o menos favorável, mas acho que era possível já termos vencido dois ou três jogos. No cenário favorável que traçámos, teríamos essas três vitórias. Os atletas fazem um esforço brutal com as viagens, em alojamento, porque os clubes pequenos não têm essa possibilidade. Chegamos a fazer viagens de cinco e seis horas, jogar e a seguir vir embora, para a Madeira os jogadores abdicaram de dormir para poderem jogar. Inevitavelmente, isso acaba por ter consequências. Por outro lado, não temos tido muita sorte com as lesões, desde o início da época ainda não tivemos o plantel completo. Estamos no pior cenário possível, mas não é nada para o qual esta malta não esteja preparada".

Este desempenho desportivo não coloca em causa o que foi projectado para esta temporada?: "Sem dúvida que não. No início da época assumi que iríamos com este plantel para a 1.ª Divisão. Havia algumas possibilidades de reforçar o grupo, mas optámos por manter o mesmo plantel, com os campeões da 2.ª Divisão. Sabíamos que isso iria ter um preço, porque o nível do andebol que se pratica na 1.ª Divisão é muito elevado, quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista da capacidade do conjunto das equipas, com um maior investimento de todos. Tivemos duas semanas de paragem antes de preparar o arranque, quando os nossos adversários já estavam a trabalhar há um mês e meio. Vamos à luta com estes jogadores, é uma factura com um preço controlado. Sabíamos o risco que estávamos a correr".

Estamos sensivelmente a meio do campeonato, com uma paragem de um mês pela frente. Espera que a equipa se apresente mais capaz na retoma do campeonato?: "Eu diria que em determinados momentos só os resultados não foram coincidentes com o que temos feito. Agora, perspectivamos uma segunda volta muito melhor, porque a equipa tem gradualmente evoluído, isso nota-se de jogo para jogo. Esta paragem vai, provavelmente, permitir que os jogadores recuperem de algumas mazelas. Temos aqui atletas que pertencem ao plantel que ainda não cumpriram qualquer jogo, porque estiveram em recuperação. Acreditamos que com o regresso de todos na segunda volta vamos notar melhorias e traremos vitórias para Guimarães. Na segunda volta não vamos 'facilitar' porque estaremos em melhores condições de lutar com os nossos adversários".

Neste contexto, o Xico Andebol até tem privilegiado a aposta nos seus jovens jogadores...: "Continuamos a arriscar. Temos o Bernardo Torres, da equipa B, que venceu os jogos todos até hoje, a subir à equipa A para conquistar o seu lugar. Isso tem vantagens e custos, porque sendo um atleta jovem acaba por não ter tanta experiência".

Há uma palavra que tem estado muito em voga: resiliência. É isso que tem visto neste grupo comandado pelo Pedro Correia?: "Eu uso muito um termo que acho mais adequado, que não resiliência, que é tenacidade. Esse termo identifica este grupo e todo o clube. É um clube que vive várias dificuldades há muito tempo e soube sempre enfrentá-las. Nada disto é novo para nós. Estes atletas têm revelado uma grande capacidade de lutar e nas situações menos esperadas nós somos capazes de mudar e passar por cima de problemas que muitos pensavam ser inultrapassáveis. O clube passou por um momento muito mau e tem vindo a recuperar quase milagrosamente, quando menos se esperava. Este plantel sénior transmite essa capacidade a todos, essencialmente aos jovens dos escalões de formação. Tem de se saber perder. A nossa formação sabe que é no erro que se cresce, não é apenas com vitórias que se cresce e aprende. Esse espírito está imbuído em todo o grupo. Por exemplo, na nossa formação provocamos constantemente a subida de atletas a escalões acima para que possam aprender a viver com a derrota até serem capazes de vencer".


Marcações: Xico Andebol, andebol, Mauro Fernandes

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