João Pedro Coelho em entrevista: "Campeonato de Portugal não é um desafio assustador, mas sim motivador"



O treinador do Pevidém, João Pedro Coelho, assume o desafio de colocar o Pevidém a lutar pelos primeiros cinco lugares da série que vai disputar no Campeonato de Portugal. Numa entrevista ao DESPORTIVO de Guimarães, da qual publicamos um excerto, o treinador aborda em pormenor a temporada 2020/2021.

Que desafio é este para o Pevidém e o João Pedro Coelho a estreia no Campeonato de Portugal?: "O presidente disse nesta casa que era um desafio assustador. Comecei a rir quando li. Penso que não é um desafio assustador, mas sim um desafio motivador, um desafio que é realmente para os melhores, para percebermos que demos um passo em frente. Não adianta andarmos num sobe e desce constante, provocando um desgaste muito grande nos clubes. É importante criarmos condições para, no mínimo, mantermos o clube no patamar a que chegamos. Estou a viver este desafio com muito entusiasmo, de uma forma muito intensa. Considero que é uma prova para todos, clube, equipa técnica, jogadores, porque não vamos estar em pé de igualdade com 90 por cento dos nossos opositores. Vamos ter de arranjar soluções para diminuir essa diferença".

O que terá de fazer o Pevidém para conseguir competir com adversários que terão outros argumentos, vários deles com planteis profissionais?: "Em termos de treino e logística, as coisas serão praticamente iguais. Podemos alterar a metodologia e a exigência, mas a aparência exterior será igual à da época transacta. Na primeira projeção de séries, corremos o risco de ser a única equipa que vai treinar à noite, ou seja, todos os nossos jogadores vão ter uma actividade profissional e não vão estar em pé de igualdade com as outras equipas. Mas, não nos adianta falar das outras equipas. Temos de perceber que era este o contexto que queríamos, porque o clube entendeu dar um passo de cada vez e não assumir o semi-profissionalismo, o que eu aceito. O clube entendeu que mesmo no amadorismo podemos fazer um campeonato dentro das nossas expectativas. Estamos orgulhosos de poder jogar com o Vitória B, o Fafe, até mesmo com o Berço, que está num patamar profissionalizado. Temos de dizer presente e que estamos preparados para esta exigência. Não haverá da minha parte lamentações para algo que não corra bem".

Numa temporada de transição no Campeonato de Portugal, que objectivos terá o Pevidém?: "Quando saiu o novo molde da competição, comentei com a estrutura que o desafio tinha aumentado 10 vezes. Se nós pensávamos que o desafio era muito grande e que as dificuldades iriam ser enormíssimas, depois de vermos a estrutura da competição essa ideia ficou mais vincada. Cabe-nos ir por etapas. Na primeira fase vamos lutar pelos cinco primeiros lugares, que num primeiro momento evitam a descida aos distritais e depois poder competir pela permanência no mesmo quadro competitivo, a nova 3.ª Liga. Quem permanecer no Campeonato de Portugal vai acabar por descer um patamar competitivo no futebol português. É um desafio enormíssimo, com um grau de dificuldade com o mesmo termo".

O Pevidém tem na sua estrutura duas pessoas, Rui Machado e Fina, que vivem o clube com grande intensidade. O que representam para si o presidente e o director-desportivo?: "Não querendo afastar outras pessoas que também são importantes, entendo que essas duas pessoas são a base e o topo da ambição do clube. O Fina é um director-desportivo que tem todo o poder de decisão. O presidente gosta de estar sempre presente, de saber tudo, mas delega funções. O presidente raramente falha um treino, raramente falha uma palestra pós-jogo. É uma presença constante e um apoio inexcedível, mas sempre disse que escolheu o melhor director-desportivo do mundo, a quem dá autonomia para decidir. Eu acho que o clube está muito bem estruturado, estou muito satisfeito com o rumo e a ambição que estas pessoas têm a curto e a médio prazo".

E quais são as suas ambições como treinador a curto/médio prazo?: "A ideia de que a etapa nos distritais está fechada foi transmitida desde muito cedo, no local próprio, aos responsáveis do Pevidém. Foram anos muito desgastantes, essa missão terminou. Os elogios do presidente - confesso que nem lido muito bem com isso -, encaro-os com muito satisfação. Fui sempre por etapas, nunca disse que queria chegar à Liga ou à Liga dos Campeões. Nunca quis dar um passo maior que a perna. Estou totalmente focado no Pevidém, na época que temos de fazer. A minha missão é demonstrar qualidade, promover os jogadores, fazer com que todos os jogadores saiam mais valorizados do que quando entraram. Isso só é possível com um trabalho de qualidade, com um futebol positivo, ofensivo, sem nos amedrontarmos seja qual for o clube que vamos defrontar. A minha ambição é sempre o projecto seguinte. Estou mesmo satisfeito por estar no Pevidém, percebo que estou no clube certo, que as ambições são comuns, e que esta época será importante para mim, para a minha equipa técnica, mas também para o clube".


Marcações: Pevidém Sport Clube, João Pedro Coelho

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