Miguel Pinto Lisboa: Com condicionalismos acredito que época possa ser retomada e terminada"



Miguel Pinto Lisboa acredita que a temporada poderá ser retomada e concluída, ainda que debaixo de restrições. Numa entrevista concedida ao jornal O Comércio de Guimarães, que esta quarta-feira está nas bancas, o dirigente vitoriano sublinha que aquando desse regresso que se deseja nada será como dantes.

O Comércio de Guimarães (CG) - Como é que tem passado por uma situação como a actual, que as gerações mais próximas nunca tinham vivenciado?
Miguel Pinto Lisboa (MPL) - Não estávamos preparados para uma situação como esta, nunca nos passou pela cabeça que a nossa vida se alterasse de uma forma tão abrupta, ainda por cima devido a algo invisível a olho nu. Temos tentado manter algumas rotinas, sendo certo que a maior parte delas tiveram de ser alteradas. Vamos tentando colmatar algumas necessidades que existem na sociedade, estamos todos mais por casa mas continuamos a dedicar tempo à nossa actividade. Há problemas que não tínhamos antes que devem ser supridos, mas obviamente a nossa vida deixou de ser tão activa.

CG - De repente ficamos com a sensação de que afinal temos tempo para tudo?
MPL -
Não é tanto assim. É evidente que deixamos de ter reuniões presenciais, de acompanhar treinos e diversas outras situações relacionadas com o negócio. Isso, é evidente, parou um bocado. Mas, por outro lado, devemos pensar em como actuar perante esta crise - porque nenhum de nós estava preparado para ela - e como vamos preparar o pós-crise. Creio que isso, do ponto de vista económico, poderá ser dramático em alguns aspectos. Pensar em como é que podemos retomar com alguma normalidade, ou com a normalidade possível, a actividade económica e desportiva, absorve-nos muito tempo e são cenários que ninguém projectava. Nesse sentido, não fica assim tanto tempo livre.

CG - É fundamental não morrer da doença nesta fase, mas que não se morra igualmente da cura mais à frente?
MPL - Sem dúvida. Perante este cenário, temos que traçar objectivos que nos permitam subsistir no momento seguinte à saída deste estado de emergência. É que as coisas não vão ser como eram antes de lá termos entrado. Há que antecipar cenários para podermos sair mais fortes desta crise.

CG - É importante para si continuar a ir ao Estádio, mesmo do ponto de vista da sanidade mental?
MPL - Sem dúvida. Se tivermos alguma normalidade nas nossas vidas, conseguimos pensar melhor. Mesmo que as reuniões não sejam presenciais - a maior parte é por videoconferência - só o facto de estarmos no nosso local de trabalho já contribui para essa sanidade mental que é importante manter.

CG - De que é que tem sentido mais falta nesta altura?

MPL - Da adrenalina dos jogos e do contacto diário com a equipa e com os funcionários do Vitória. Perdeu-se essa relação mais próxima, porque agora temos apenas contacto por videoconferência ou por telefone.

CG - Acredita que será possível retomar a época e terminá-la?

MPL - Com condicionalismos, sim. Porque não me parece que no dia seguinte possamos ter no D. Afonso Henriques o mesmo nível de assistência que tínhamos antes.

CG - É apologista de que numa primeira fase os jogos se disputem à porta fechada?
MPL - Isso é uma evidência. Havendo jogos, terão de ser realizados à porta fechada. E só de forma gradual é que o regresso dos adeptos poderá ser incrementado. Não me parece que enquanto não houver uma solução definitiva para este problema se possa permitir, por exemplo, que o nosso Estádio possa albergar 30 mil espectadores. Haverá, com toda a certeza, uma imposição legal para reduzir a lotação dos recintos desportivos, dos espectáculos e, desde logo, até dos restaurantes.

Excerto da entrevista que pode ler na íntegra no jornal 'O Comércio de Guimarães'


Marcações: Vitória Sport Clube, O Comércio de Guimarães, entrevista, Miguel Pinto Lisboa

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