Infecções respiratórias fazem disparar afluência ao serviço de urgência do Hospital de Guimarães

A afluência ao serviço de urgência do Hospital da Senhora da Oliveira em Guimarães (HSOG) disparou nas últimas semanas. O número de atendimentos diários cresceu cerca de 50 por cento relativamente ao mesmo período do ano anterior, estando este movimento associado ao aumento de episódios relacionados com infecções respiratórias. A covid-19 continua a atingir a população, mas há também a assinalar os casos de gripe A cujos sintomas levam os pacientes a procurar assistência hospitalar.

Questionado pelo nosso jornal, o Director do Serviço de Urgência do HSOG reconheceu que a existência de "pressão" resulta do aumento das infecções respiratórias que atingem pessoas de todas as idades e da presença de muitos doentes que, após a triagem, são considerados não urgentes.

"Continuamos a assistir a uma afluência muito acentuada. Numa comparação com o ano anterior, temos cerca de 50 por cento a mais de trabalho relativamente ao que era habitual para esta época do ano", alertou Pedro Cunha, ao realçar a importância das condições de trabalho e de acolhimento dos doentes oferecidas pelas novas instalações do serviço de urgência e "a reorganização das equipas" feita para "poder suprir as necessidades da população". "Com alguns constrangimentos, estamos a fazer a gestão mais adequada no afluxo de pacientes para podermos dar resposta aos problemas que afligem os nossos utentes", acrescentou.

É a gravidade dos sintomas que deve justificar o recurso ao serviço de urgência. No entanto, a dimensão dessa gravidade não é perceptível da mesma forma por todos os doentes, podendo o recurso à Linha de Saúde 24, ao médico de família ou à unidade de saúde familiar servir para orientar o encaminhamento mais correcto, em prol "da segurança de todos".

O Director do Serviço de Urgência assinala que "é fundamental que as pessoas tenham a noção de que há um caminho que elas podem percorrer para perceberem onde devem procurar ajuda médica". "Partindo do pressuposto que todas as queixas são válidas, os sintomas não devem ser menosprezados e todos têm de ser ouvidos e orientados, é preciso equacionar qual o melhor local para encontrar a assistência mais adequada de forma a não se recorrer aos serviços de uma instituição onde estão pacientes com um grau de gravidade superior e que precisam de recursos que só existem no Hospital", advertiu, apelando ao recurso ao serviço de urgência após o encaminhamento feito pelos serviços de orientação ou pelo médico assistente.

"Uma urgência que deveria estar focada em 200 ou 300 pacientes verdadeiramente graves, se tiver de estar focada em mais do dobro, a atenção dos profissionais ficará dispersa e recursos serão distribuídos por um conjunto maior de pessoas, comprometendo a rapidez no atendimento".
Pedro Cunha, Diretor do Serviço de Urgência

"Cá estamos para as avaliar porque quem as ouviu considerou que o único local para resolver a situação é o serviço de urgência. É para esses que temos de estar principalmente disponíveis. É uma questão de segurança para todos. Se estivermos muito doentes e precisamos de ir ao hospital, queremos que os serviços, os recursos humanos estejam disponíveis para nos darem a melhor atenção e para estarem focados nas situações verdadeiramente urgentes", sublinhou o responsável, ao sustentar que se essa conduta não se verificar a capacidade de resposta ficará inevitavelmente comprometida. "Uma urgência que deveria estar focada em 200 ou 300 pacientes verdadeiramente graves, se tiver de estar focada em mais do dobro, a atenção dos profissionais ficará dispersa e recursos serão distribuídos por um conjunto maior de pessoas, comprometendo a rapidez no atendimento", observou, insistindo que está em causa a "segurança de todos", no sentido de "preservar os locais onde queremos que esteja sempre disponível o recurso que nos vai acudir, caso tenhamos alguma situação particularmente grave".

"Quem tem sintomas súbitos, de uma gravidade que precisa do socorro emergente, não deve esperar, tem de recorrer à urgência e cá estamos para assistir e comunicar com os colegas dos centros de saúde", apontou, indicando que a pressão registada no serviço está associada "a um conjunto de graus de prioridade mais baixos" na afluência. "Chegamos a ter entre 45 a 50 por cento dessas situações. É óbvio que isso traz obstáculos e transtornos que temos de ultrapassar", afirmou, fazendo questão de reportar: "o problema mais preocupante é que com esta dispersão não podermos estar mais concentrados naquelas pessoas que apresentam sintomas de gravidade que não podem ser resolvidos numa outra unidade de saúde".

"A pandemia não acabou"

Na caracterização dos constrangimentos relacionados com a "pressão" existente no serviço de urgência, Pedro Cunha frisou o registo de "bastantes casos de gripe A" e os efeitos da covid-19. "A pandemia não acabou. O vírus continua a circular e continuamos todos os dias a receber casos de pacientes com covid-19", esclareceu, ao recordar que essa circunstância "dificulta o trabalho diário das equipas, porque o nível de afluência das urgências tem de ser gerido, mantendo dois fluxos separados, um para doentes suspeitos de terem covid e outro para doentes não covid". "Nestas infecções respiratórias, continuam a existir pacientes com covid e um conjunto de doentes com infecções víricas associados ao vírus da influenza A, e que são casos que têm produzido pacientes que carecem de cuidados hospitalares e alguns até ficam internados por causa da infecção", sublinhou, fazendo questão de reconhecer a dedicação e disponibilidade dos profissionais que integram as equipas que asseguram o serviço de urgência perante a elevada procura que tem sido registada.

Marcações: Hospital da Senhora da Oliveira de Guimarães, afluência às urgências

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