Rui Castro: "Gostava muito de ir com o Brito para o Campeonato de Portugal"



Que retrospectiva faz da temporada que chegou recentemente ao fim?: "Acaba por ser um balanço positivo, depois de tudo o que se passou este ano. Foi uma época em que dominamos a nossa série e em que praticamos um bom futebol, acabamos por ser uma equipa superior às outras. Fomos campeões de série, embora na final perdemos com o Dumiense, onde já sabíamos que iria ser uma eliminatória difícil, apesar de achar que os jogos foram definidos por detalhes. Não passamos umas semanas muito fáceis após essa derrota onde chegamos a colocar tudo em causa, mas conseguimos chegar à final da Taça A.F. Braga e à conquista da mesma, algo que fugia ao clube há 25 anos. Isto na segunda época como treinador principal, onde no fundo acaba por ser a primeira, visto que o meu primeiro ano foi em contexto de Covid-19, completamente diferente".

Consegue com maior detalhe explicar essas semanas complicadas a que se referiu?: "Acabou por haver muito ruído. Quando ganhamos, as coisas estão todas bem, mas, quando perdemos, alguns problemas que não temos só no grupo começam a vir ao de cima. Se calhar as vitórias vão escondendo algumas debilidades que tivemos durante o ano. Acabamos por ser alvo de algumas críticas, algumas injustas, mas já sabíamos que isso poderia acontecer e temos de estar preparados. A realidade é que nos conseguimos levantar e, a prova disso, foi a conquista da Taça A.F. Braga".

O facto do Brito ter tido um registo quase imaculado durante toda a época levou a que houvesse um excesso de confiança nos jogos contra o Dumiense?: "Pode ter acontecido, mas o Dumiense estava na mesma situação que nós, já tinham sido campeões de série há muito tempo. Mas sim, durante a temporada já estávamos praticamente a jogar para uma melhor pontuação e não tanto para o objectivo, visto que esse estava praticamente cumprido, sendo que também queríamos bater o recorde de golos marcados, algo que acabou por acontecer. Mas creio que, no primeiro jogo com o Dumiense, alguns erros individuais ditaram o resultado. Faz parte do futebol, sinto que perdemos essa final logo no primeiro jogo em casa, já tivemos de ir para a 2ª mão com uma abordagem diferente. Preparámo-nos, estudamos o adversário, mas nem sempre tivemos capacidade para sermos melhores e acabamos por sofrer dois golos em casa, o que não é muito normal".

Fica um amargo de boca de não terem conseguido o apuramento para o Campeonato de Portugal, pelo menos pela via desportiva?: "Sim, fica o amargo, mas também temos de ver que do outro lado estava uma equipa que apenas perdeu para nós na meia-final da Taça. Qualquer equipa que saísse derrotada no play-off de promoção iria sair com a sensação de sabor amargo. Não creio que exista justiça ou injustiça no futebol, mas o Dumiense também acabou por fazer um campeonato regular, melhor que o nosso. São duas equipas que mereciam subir".

Sente que é algo injusto para campeões de série não garantirem automaticamente a subida esta temporada?: "Sim, já tinha falado sobre isso no ano passado. Para o ano será um pouco diferente, embora continue a ser um pouco injusto porque, depois de uma passagem difícil por tudo o que é a série, vai existir outra mini série onde só os primeiros vão lutar por um lugar. Creio que seria mais justo fazer um mini campeonato depois dessa fase e onde o primeiro subia, porque creio que nesse tipo de formato existe já uma maior regularidade. Agora, a A.F. Braga, desde que se passou a questão do Covid-19, resolveu ir por estes moldes. Não eleva muito o futebol distrital, porque ficar tudo definido em 180 minutos… não é muito correcto".

Como é que classifica este segundo ano como treinador principal?: "Em termos de aprendizagem foi fantástico. Como eu já referi a várias pessoas, pensam que isto foi fácil porque tínhamos bons jogadores, mas esses mesmos jogadores têm cabeça e conseguir gerir um balneário com muitas personalidades diferentes é muito difícil. O grande sucesso deste ano foi a gestão que, enquanto equipa técnica, fizemos deste grupo. Futebol eles já tinham".

Sente que, com todo o sucesso que teve, acabou também por ser uma chapada de luva branca a quem, talvez, não acreditasse tanto em si?: "Não creio que seja uma chapada de luva branca porque, é como eu digo, quero estar no futebol e gosto do futebol. Mas quem viveu o meu percurso de perto sabe que também tive bastante influência naquilo que conquistamos em São Torcato. Na altura também não tive apoio da direcção, porque o que me foi prometido não passou disso. Não creio que seja uma resposta para os meus ex-clubes, mas é algo que eu sentia que ia acontecer, eu ter sucesso noutro clube como tive nos clubes quase todos por onde passei. A distrital já acaba por ser uma divisão familiar e deram-me todas as condições. Assim, torna-se mais fácil".

O Rui já referiu que espera treinar uma equipa do Campeonato de Portugal na próxima temporada. Espera que seja em Brito?: "Eu quero ficar em Brito, isso que não haja dúvidas, a não ser que apareça alguma proposta melhor porque, como é lógico, temos de estar sempre com as portas abertas para coisas melhores. Fui muitos anos adjunto e não descuro a possibilidade de o voltar a ser numa divisão acima, não tenho problema nenhum nisso. No Campeonato de Portugal, gostava muito de ir com o Brito, porque sentia que merecíamos a subida de divisão. Para mim era bom, mas eu quero é estar no futebol. Se não for no Brito, será noutro lado".


quinta, 23 junho 2022 14:10 em Desporto

Marcações: Associação de Futebol de Braga, Brito SC, Rui Castro

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